Pedido

Se você alucina ou delira nos momentos em que devia raciocinar, por favor, não deixe de me avisar!

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"A minha Alucinação é enfrentar o dia-a-dia e o meu delírio é a experiência com coisas reais..." (Belchior)

O que trazes pra mim?




Quando tinha oito anos, minha filha me perguntou se era verdade que o Coelho da Páscoa não existia, se era eu quem comprava os ovos de páscoa e os escondia,  se as marcas das patinhas no chão eram forjadas para enganá-la.
Acreditem, foi um dos momentos mais tensos que já passei.
Porque sofrer uma desilusão é duro, mas ter que confirmar – e de certa forma ter causado – uma desilusão a uma pessoa que se ama (uma pessoinha que acredita em mim acima de qualquer suspeita) é mais duro ainda.
É ver a inocência se esvair de uma alma.
Por mais que pareça  banal, me senti diante de uma questão intrínseca ao ser humano: a ilusão que nos acompanha. E a desilusão que nos desconcerta e que  nos obriga a rearranjar nossos pensamentos. É quando testamos a nossa capacidade de  aproveitar o que sobra do engano de nossos sentidos para reorganizar o sentido de nossos enganos.
Talvez uma das primeiras oportunidades que a vida nos dá de treinarmos para tantas outras situações que vão se apresentando diante de nós ao longo de nossa trajetória.
Porque há a natural tendência de nos sentirmos traídos, mas, ao mesmo tempo, o sentimento de que fomos tolos o suficiente para nos deixarmos enganar.
Tive, sim, que admitir minha parcela de responsabilidade nesse engodo, mas não sem tentar justificar meus motivos e também demonstrar o quanto isso nos tinha feito felizes nos anos que já tinham se passado. Afinal,  uma ilusão pode ter um tanto de fantasia e na fantasia podemos partilhar os anseios e de cada um. Anseio de acreditar, fazer feliz, de sonhar.
E as deduções são inevitáveis. Instantes depois, veio a sentença: - Mãe, então... o Papai Noel também, né?
De certa forma, senti até um alívio, por não ter que passar de novo por essa oito meses mais tarde...  
              

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