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Se você alucina ou delira nos momentos em que devia raciocinar, por favor, não deixe de me avisar!

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"A minha Alucinação é enfrentar o dia-a-dia e o meu delírio é a experiência com coisas reais..." (Belchior)

Conto de fadas numa tarde chuvosa


Era uma vez, num reino tão tão distante, do outro lado do lago, um Príncipe, que estava com o coração vazio e escuro. E havia uma Princesa que vivia na tristeza, do lado de cá do lago, numa torre alta altíssima, nada nem ninguém nunca tinha subido lá.  Não havia portas na torre, só uma janela. Era cercada por um formoso jardim, onde sonhava estar quando seu coração estivesse aquecido e feliz.
A bruxa má a condenara a viver ali até que um Príncipe molhado a flechasse.
A Princesa sabia que isso era impossível. Ela sabia que existiam Príncipes, mas os Príncipes molhados eram improváveis. Eles não saem de seus castelos quando chove. Também jamais cogitam molhar seus cavalos.
A prisão a que estava condenada era feita mais de dias de sol e de guarda-chuvas do que de concreto. A Princesa brincava com sua bola de ouro, no alto mais alto da torre escura.
Certo dia o Príncipe, em uma de suas caçadas, se distraiu e desviou sua rota, justamente num dia em que uma tempestade se aproximava. Cavalgou muito, estava cansado e sem dormir há muito tempo.
E a chuva começou. O Príncipe , desnorteado, correu para se abrigar da chuva na aba de uma torre (existe isso?) que avistou no caminho. Estava com as flechas armadas. Quando se encostou na parede da torre, uma flecha disparou.
Então, quis o acaso que a Princesa estivesse na janela olhando a chuva naquele instante, porque ela tinha um especial fascínio pelo barulho da chuva e pelos relâmpagos. E pela obra do destino, foi atingida pela flecha do Príncipe molhado.
Seu ferimento ardeu. E ardia tanto, tanto, que toda ela era calor e sua febre derreteu sua bola de ouro e derreteu seu quarto e as paredes do quarto e as paredes da torre inviolável.

E ela encontrou o Príncipe molhado, cansado e com medo, dentro de seu jardim encantado. 
E o calor que emanava dela esquentou o coração vazio  e escuro do Príncipe, que,  libertando a Princesa, libertou seu próprio coração.

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